Vertigens: …e a cabeça a andar à roda
A terrível sensação de que os objectos se movimentam à nossa volta é, ainda por cima, normalmente acompanhada por náuseas e perda de equilíbrio. Entre as causas principais, pode estar o ouvido interno quando este tem problemas. O ouvido interno tem a grata missão de nos permitir manter a noção de equilíbrio. Daí que as vertigens - ou tonturas na linguagem comum - sejam, frequentemente, provocadas por anomalias no ouvido, na ligação nervosa do ouvido ao cérebro ou no próprio cérebro. Podem também estar associadas a problemas visuais ou mudanças repentinas na pressão arterial. O sentimento de ter "a cabeça a andar à roda" é geralmente efémera, ainda que nos mergulhe num abismo. Ficar imóvel ajuda, mas, por vezes, a vertigem ilude mesmo quando ficamos estáticos. A vertigem paroxística posicional benigna, mais comum entre os idosos, é tendencialmente breve e surge, amiúde, durante a noite ou de manhã depois de uma mudança de posição da cabeça e sempre do mesmo lado. Este tipo de vertigem resulta da formação de cristais de cálcio que, ao se deslocarem no interior do ouvido interno, desregulam o sistema do equilíbrio. Sem gravidade, esta vertigem rotatória pode, no entanto, ser incapacitante, causando extremo desconforto aos doentes. A técnica de reposicionamento consiste em deitar-se na mesma posição em que ocorreu a tontura, enquanto o médico executa uma manobra específica com o objectivo de reposicionar os cristais. Esta manobra só é eficaz se realizada por um médico com formação específica, embora possa ser ensinada ao próprio doente com o objectivo de lhe permitir o Auto reposicionamento. Desta forma, os cristais deslocam-se no ouvido, evaporando a vertigem.
Quando a vertigem insiste...
A doença de Ménière é uma variante de vertigem, em que surgem associados sintomas como zumbidos e baixa audição, normalmente num único ouvido, e sensação de ter água dentro do ouvido, e que pode prolongar-se entre vinte minutos a várias horas. A presença de um excesso de pressão por acumulação de líquido no ouvido interno é a causa, que pode ser influenciada por alterações metabólicas ou por problemas venosos locais, mas pode também ter uma origem psicossomática. Muitos dos pacientes têm por denominador comum um perfil de ansiedade causado pela incerteza de quando poderá surgir uma nova crise. Nestes casos, o tratamento pode envolver fármacos anti vertigens, anti vómitos e tranquilizantes. E para reduzir a frequência das crises, poderá ser prescrito um diurético. Repouso é um meio eficaz de maior serenidade.
...e insiste
A nevrite vestibular é a vertigem mais persistente, podendo prolongar-se por vários dias. Surge, geralmente na sequência de uma infecção respiratória alta, que afecta o ouvido interno. Tipicamente, a primeira crise é violenta e os sintomas desaparecem nas semanas seguintes.
Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF