Origem desta terra ( Borba de Godim )

 

 

Para chegarmos à origem desta terra é necessário retroceder uns séculos, e assim sabe-se que no século IX, D. Arnufo da Costa Baião, duque de Espuleto, trineto de Carlos Magno, e que foi também rei de Itália, ainda jovem foi derrubado do poder e teve que refugiar-se, com mais dois irmãos, em Espanha.

Ofereceu os seus valiosos e distintos serviços a El-rei D. Bermudo III, rei de Leão e Castela.

D. Arnufo salientou-se aquando das batalhas contra os Mouros e o rei deu-lhe em paga as terras de Baião, Cabeceiras de Basto e tudo o mais situado entre Tâmega e Douro, que lhe parecesse bem.

Numa das suas batalhas, Douro acima, mais concretamente em terras de Baião, teve o feliz encontro com a esbelta e dona ira D. Ufa, menina que, segundo reza a tradição, era muito bela, formosa e prendada. Seria pois esta jovem que viria a casar com D. Arnufo.

O pai de D. Ufa era Goivinho, Conde de Lugo, fidalgo muito rico, o que veio a contribuir para que este casamento resultasse uma fortuna colossal.

Vieram habitar as terras aprazíveis da margem direita do Tâmega, uma pequenina povoação onde vivia povo cristão, e que vieram a ser seus súbditos. A esta povoação chamaram Borba.

D. Arnufo profundamente cristão, como a jovem esposa, mandou construir para esse povo de Deus uma Igreja de estilo Românico, e a qual veio a ser seu patrono.

Foi então o fundador do castelo de Arnoia e do palácio de Borba, denominado Paço de Boruem.

À forma do costume de então D. Arnufo dotou o pároco de Borba de Godim de rendimentos abundantes para este não desmerecer do valor do seu patrono.

Do seu casamento nasceu D. Guido Arnaldes de Baião, que viria a ser pai de Egas Gozendes, este pai de Hermigio Viegas o qual viria a ser pai de D. Egas Moniz, o grande aio de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.

Em 950, na partilha dos bens de Mumadona, neta de D. Arnufo, o palácio de Borba de Godim viria a pertencer a seu filho Diogo Mendes do qual passou a seus filhos sendo um deles Gontemiros Dias que foi pai de Pelagius Gontemires, pai de Soeiro Pais e este pai ou avô de Mem Soares, de Gueda Soares e do Paio Soares. Entre estes três herdeiros levantou-se querela sobre os direitos do padroado de Borba de Godim. Numa sentença régia, datada de 1136, El-rei é a favor de Mem Soares, aquele que se dizia o mais directo descendente de D. Arnufo.

Em 1185 D. Afonso Henriques, para melhor garantia da independência nacional e firmeza da Coroa ofereceu ao Papa, o tributo anual de quatro onças de ouro, e restabeleceu que as chamadas Igrejas próprias (que eram certas Igrejas ou Capelas que alguns senhores mandavam construir nas suas propriedades) teriam bens necessários para a sustentação do culto e nomeou um capelão que as servia. Os fundadores, procuravam obter o chamado "direito de padroado". Foi o que aconteceu em Borba de Godim, a quem foi dado à Igreja a Quinta de Vilarinho que se alargava até ao Seixoso incluindo Tresborba e Balazar.

Por volta de 1191 apareceu em Borba de Godim um respeitável fidalgo chamado D. Gomes Mendes Gedeão, senhor de muitas terras em Basto e que se julgava também com pretensão ao padroado de Borba de Godim. Como o abade, Mem Gomes, se esquivou a dar-lhe colheita e albergagem por ele trazer muita gente em sua companhia, o fidalgo "alvoriçado" queimou a residência paroquial e a Igreja.

Em castigo desta proeza, o Papa, para lhe levantar a excomunhão, condenou-o a fundar outra Igreja a S. Miguel, que era o padroeiro de Borba de Godim. O fidalgo cumpriu-a mas a Igreja que edificou foi a S. Miguel de Lobrigos de Penaguião.

A data de reconstrução da Igreja de Borba de Godim tem sido polémica e as opiniões são divergentes, mas tudo indica que só foi reconstruída no século XVIII.

 

 

 

("Fonte Geocaching  ")