O Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios
Legenda da imagem:
1913 - Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa - Inauguração
Construída pela Companhia Auxiliar de Construções Ferroviárias – em via métrica, utilizando o leito da estrada, cruzava a Linha do Douro em Novelas/Penafiel.
A História...
Pela primeira vez, as populações de três concelhos reuniram-se à volta de uma ideia: o caminho-de-ferro.
A linha do Tâmega revelava-se insuficiente para as necessidades das populações de Penafiel, Lousada e Felgueiras, uma vez que as estações existentes distavam vários km dos respectivos centros. Estes concelhos estavam isolados no progresso e nas comunicações. Não havia, ainda, o transporte rodoviário, só o caminho-de-ferro era a ligação rápida da época.
Não sendo contemplado pelo governo com uma linha ferroviária que tirasse do isolamento estes concelhos, em 1908, o Dr. Cerqueira Mago lança a entusiasta ideia do caminho-de-ferro de Penafiel à Lixa, passando por Lousada e Felgueiras. Esta ideia foi abraçada por toda a população, uma vez que representava um grande melhoramento para o comércio, indústria e população dos concelhos por onde se projectou passar.
Nesse mesmo ano, iniciaram-se as diligências para dar início à construção da linha férrea. Em Maio, registava-se já uma grande lista de subscritores para as acções do caminho-de-ferro de Penafiel à Lixa.
Em Fevereiro de 1909, começavam os primeiros trabalhos para a organização da planta dos terrenos por onde devia passar o caminho-de-ferro. Em Lousada a linha atravessava o concelho nas freguesias de Lodares, Nevogilde, Nespereira, Boim, Cristelos, Silvares, Nogueira, Alvarenga, Stª Margarida e S. Miguel.
A 8 de Novembro de 1913, foi inaugurado o troço de Novelas a Lousada. O comboio, rebocado pela máquina "Lousada", chegou à Vila de Lousada por volta das 11 horas e o percurso fazia-se em 22 minutos.
Uma multidão aguardava a chegada do comboio, com um festival de fogo-de-artifício animado pelas bandas de música de Lousada e Vizela. A rua Visconde d'Alentém estava embandeirada e das janelas eram atiradas flores à passagem do comboio.
Em 1916, dada a crise da I Guerra Mundial, a Companhia começava a atravessar um período difícil que, a par dos frequentes acidentes na via-férrea, punham em risco a sua existência. A conjuntura política nacional e internacional, conjuntamente com a circulação rodoviária de pesados que se intensificara em meados de 1920, deram a machadada final no futuro da Companhia.
Apesar das várias tentativas de liquidação das dívidas da companhia, o caminho-de-ferro não tinha condições de viabilidade. Estava, assim, inutilizado o esforço, iniciativa e carinho devotado por algumas dezenas de homens que conseguiram construir, sem auxílio do Estado, facto único em Portugal, a primeira associação voluntária de municípios de três concelhos: Lousada, Penafiel e Felgueiras.
Da passagem do comboio por Lousada, carinhosamente apelidado de «Dona Joaquina» ou «Dona Chocolateira», ficaram somente as fotografias e o apeadeiro de Gondariz, mandado edificar pelo Visconde de Lousada, para uso pessoal no acesso ao comboio.
Ficou, também, o empenho de uma população na concretização do sonho que nasceu de uma ideia no tempo da monarquia (1908), viveu durante a 1ª República, sofreu as amarguras da I Guerra Mundial e veio a morrer durante a vigência da governação militar (1931) instaurada após a Revolução Militar de 28 de Maio de 1926.
Vejam este belo Titulo de Obrigação
Datas da inauguração dos troços:
O primeiro troço de Penafiel a Novelas começou a funcionar em 10 de Novembro de 1912 sendo inaugurado no dia 16 de Fevereiro de 1913 e a viagem custava 40 réis.
A 8 de Novembro de 1913 foi inaugurado o troço Penafiel (Novelas) - Lousada.
Em Junho de 1914 foi inaugurado o troço Lousada - Felgueiras.
Em Setembro de 1914 foi inaugurado o troço Felgueiras - Lixa.
Em 13 de Abril de 1915 foi inaugurado o troço até à Torre.
Em 27 de Junho de 1915 o comboio chegou a Entre-os-Rios.
Fontes de informação:
In "O Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios", de José Fernando Coelho Ferreira, 3ª edição - 2000.