Levantamento cultural de Borba de Godim

 

DESFOLHADAS

Momentos únicos, estes trabalhos são feitos ao serão. Reunidos familiares, amigos e vizinhos. As raparigas cantando baixinho amores e partidas de namoricos. E os rapazes espreitando aquela oportunidade que sempre vinha com a espiga do avermelhado milho-rei. Oportunidade para uni segredo, um abraço e segundo os antigos até mesmo uns beijinhos.

Lá saltavam as cantigas, que desfolhada sem voz, não era desfolhada.

E lá chegava a bendita hora da merenda, onde não faltava o bom pão e o melhor vinho como que aquecer os corpos para a dança, o melhor da desfolhadas.

Actualmente, toda a tradição já foi esquecida e não é usual cantar nas desfolhadas e nos trabalhos de campo. Onde antigamente, os jovens se juntavam para trabalhar e ao mesmo tempo cantavam e dançavam.

Os mais idosos recordam com saudade os dias de trabalho no campo que eram transformados em grandes festas onde a alegria reinava.

 

ESPADADAS

Semeei linho no monte

Só me nascem uma leira

No tempo em que nascem moços

Nasce fraca sementeira

 

Ó linho que és tão lindo

Tu és todo o meu amor

É o linho que dá toalhas

Para o altar do Senhor.

 

Raparigas da espadada

Puxai por essa espadela

Também puxo pela minha

Á moda da minha terra.

 

Acabou-se a espadada

Vamos embora tia Maria

Se a senhora precisar

Cá estaremos outro dia.

 

NA ARRANCA DO LINHO

Namorei a tecedeira

Pelo buraco da chave

A estas horas da noite

Minha porta não se abre

 

Isabelinha tecedeira

Tece, tece no tear

A tecer com tal canseira

Por certo vai casar.

 

Cada qual tem o seu destino

Mesmo cá em Portugal

milho que dá o pão

linho que dá o bragal.

 

 

 

<<Fonte: "Revista das Vitórias 2001">>